salmão gravad lax

Vez por outra me perguntam porque cargas d'água eu me tornei cozinheiro, e isso bota minha cabeça pra maquinar. Dentre tantos motivos (pois nada é tão preto no branco assim), minha memória afetiva e olfativa dos natais que passei quando pequeno, na casa da minha avó materna, é parte fundamental da minha escolha.

Dona Maj-Britt, minha avó, era finlandesa, assim como minha mãe, apesar de minha mãe ter nascido em Estocolmo, na Suécia. Em 1949 a família veio para o Brasil pois meu avô seria contratado na indústria farmacêutica em São Paulo. Desde então meus avós nunca voltaram a morar lá, e era principalmente no Natal que tinham a oportunidade lembrar e de seguir a tradição finlandesa.

Em novembro, e isso já faz tempo, acontece todos os anos a Feira Escandinava. Lá meus avós compravam peixinhos enlatados em uma marinada agridoce, peixes defumados, pão sueco, queijo azul, gomas verdes, carne de rena e outros quitutes que povoavam minha imaginação o ano inteiro, coisas que eu só veria de novo no próximo Natal.

A casa da minha avó nessa época, tinha cheiro de canela, cravo e cardamomo, quando ela fazia fornadas de biscoitos natalinos. A quantidade de comida era tão grande que sobrava até para o ano novo. Acho que a primeira vez que comi um perú de ano novo, eu já tinha uns 14 anos. Isso tudo aguçava minha imaginação desde cedo e despertou sem sombra de dúvida meu interesse por comida, que de lá pra cá só aumentou.

Da culinária Escandinava, um dos pratos mais conhecidos, é o Gravad Lax.
(...) continua amanhã!